Pernambuco, do Sertão até o litoral é rico em plantas silvestres comestíveis, mas como nosso foco é nas regiões agreste e sertão, vamos explorar mais o que é possível encontrar, nestas regiões, de alimento humano e que seja confiável, mas também vamos aprender a evitar aqueles que não servem de alimento e aqueles que são tóxicos e venenosos.
Em primeiro lugar gostaria de dizer que é necessário conhecer a flora da região que vai servir de escola, jamais se deve usar como alimento aquilo que não se tem conhecimento, pois você poderá estar ingerindo algo que pode colocar sua vida em risco.
Aprenda com as pessoas da região sobre que tipo de vegetação serve de alimento, se por alguma razão isso não for possível observe o que os animais e pássaros comem, pois estes mesmos alimentos servirão para você também. Como no agreste a densidade demográfica é maior, é menos provável alguém se perder, mas na caatinga é diferente, a região é vasta e se um indivíduo não conhece bem a região não é bom se aventurar, pois até pessoas experientes da localidade às vezes se perdem ao campear gado por exemplo. Se numa situação dessas o indivíduo não conhece nada sobre o alimento silvestre poderá não sobreviver num ambiente desses.
O QUE É UMA PLANTA SILVESTRE - segundo o dicionário Aurélio são plantas que
ocorrem espontaneamente sem necessidade de cultura, ou seja, selvagem. Coloco
essa observação porque já presenciei instrutores ministrando aulas em que eram citadas plantas que não eram silvestres.
1. ARAÇÁ (Psidium araca Raddi)
O
araçazeiro é uma pequena árvore, semelhante a goiabeira , de tronco lisa e
cascas que se desprendem do caule em forma de placas. Seu fruto também tem
semelhança com a goiaba, na forma externa, interna e no sabor, no entanto é
menor e o sabor e mais forte.
Em
Pernambuco podemos encontrá-la com mais facilidade na região agreste e principalmente
na mata.
Araçá - gustavoarruda.xpg.com.br |
Do
araçá pode se fazer um delicioso suco, comer sua poupa, preparar doces,
sorvetes. Assim como a goiabeira, as folhas do araçá são usadas como remédio
caseiro como antidiarreico e diurético em forma de chá.
Quanto
ao aspecto nutritivo, o araçá possui vitamina A, B, C, além de altas taxas de
proteína e carboidratos. A espécie apresenta potencial para conquistar um lugar
de destaque no mercado nacional e internacional, principalmente como refresco
natural, podendo ainda ser comercializada como polpa congelada ou suco
engarrafado.
www.geocities.com
2. BELDROEGA (Portulaca oleracea L.)
Cresci
vendo essas plantinhas aos arredores da nossa antiga fazenda, lembro-me que os
animais como bovinos, caprinos, suínos e até as galinhas comiam desta ervinha rasteira
de folhas carnudas e de um verde escuro que nascia em abundância logo após as
chuvas. Naquela época não se comia esse tipo de vegetal se não houvesse grande
necessidade, coisa que nunca aconteceu. Hoje se sabe que essa erva desprezada
por muitos é saborosa, saudável e nada custa, podendo ser preparada em forma de
salada, cozida ao fogo e refogada.
As partes
da planta que podem ser usada são o caule e as folha. Ela é encontrada com facilidade
em terrenos baldios quintais, terreiros do sítio ou da fazenda ou em qualquer
área rural.
Beldroega - http://arpose.blogspot.com.br |
Propriedades terapêuticas
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Diurética, laxante, vermífuga, antiescorbútica,
sudorífera, colerética, depurativa, emoliente, anti-inflamatória,
antipirética e antibacteriana.
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Princípios ativos
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Ácido oxálico, sais de potássio (nitrato, cloreto e
sulfato) ( 1% na planta fresca e 70% na planta seca), derivados da
catecolamina (noradrenalina, DOPA e dopamina, em altas concentrações), ômega
3.
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Indicações terapêuticas
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Depurativa do sangue, disenteria, enterite aguda,
mastite, hemorróidas, cistite, hemoptise, cólicas renais, queimaduras,
úlceras, inflamação dos olhos,
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3. BREDO
(Amaranthus hypochondriacus)
Assim como a beldroega, o bredo nasce aos arredores dos
terreiros, terrenos baldios e em qualquer área rural, não é rasteira. Essa erva
pode crescer até pouco mais de um metro e coloca uns pendões que a identificam
com facilidade. Além de ser um ótimo e nutritivo alimento, o bredo tem
propriedades medicinais, é adstringente,
anti-séptico, demulcente, diurético, regulador menstrual, tônico e vulnerário.
Sendo ainda indicado na diarréia,
disenteria, menorragia, gengivites, amidalites, corrimento vaginal, ferimento,
hemorragia nasal, nos intestinos e leucorreia.
Bredo |
Suas folhas e parte do caule se não estiver já um pouco
lenhoso, podem ser preparadas ao fogo ou refogadas e tem um sabor delicioso.
A presença do bredo é a certeza de que o solo é fértil. O bredo atua como regulador hormonal, antioxidante, antimicrobiano, anti-infeccioso, constipação intestinal, proteje o sistema cardio vascular, o fígado e ajuda no combate a hanseníase.
Parte utilizada: folhas e caule e sementes.
4. DENTE DE LEÃO (Taraxacum
officinalis) –
É
uma erva de pequeno porte, anualmente se multiplica no período de inverno, é
facilmente reconhecida por suas folhas verdes claras que lembram as presas de
um leão e sua flor amarela. Outra característica do dente de leão é a estrutura
das sementes que se propagam através do vento, basta uma leve brisa e elas se
espalham pelo ar.
O
dente de leão é considerado erva daninha pois se desenvolvem em qualquer
terreno e jardins. Suas folhas são de sabor amargo, mas são ricas em minerais
(principalmente potássio, ferro, silício, magnésio, manganês, cobre, fósforo e
zinco), ácidos graxos (oléico, linolênico, linoléico, palmítico), resinas,
vitaminas (A,B,C,D).
No sistema digestório, age como
hepatoprotetora, colagoga (aumenta a secreção biliar em até 40%), tratamento
das vias biliares, calculose biliar (preventivo e curativo), muito empregada
nas hepatites, corrige a hipoacidez gástrica, aftose de repetição,
antidiarréica (principalmente nas diarréias agudas infecciosas ou por
intolerância a alimentos gordurosos), favorece a eliminação de catabólitos via
biliar e por isso considerado um depurativo biliar, discinesia biliar (vesícula
preguiçosa), anorexia por atonia digestiva, quadro de cólon irritável e
retocolites (alivia a dor, a diarréia e a obstipação).
Em dermatoses
em geral, como furunculoses, abcessos, erisipela, urticária, psoríase, eczemas
crônicos, celulite. Nestes casos pode ser utilizada interna ou externamente. A
seiva leitosa serve para casos de verrugas e calosidades. Fortalece o tecido
conjuntivo de sustentação e pode ser indicado em casos de artrites reumatoides.
Possui
ação diurética, preservando o equilíbrio eletrolítico, garantindo a reposição
do potássio. Coadjuvante no tratamento das patologias urinárias e tumores da
bexiga. Também age como hipoglicemiante no diabete, coadjuvante no tratamento
da obesidade, aumenta a excreção e metabolização de ácido úrico e uréia,
auxiliar nas dislipidemias (colesterol elevado). Aumenta a produção de leite
materno. De forma geral age como desintoxicante, mineralizante, antioxidante,
moderada ação antiinflamatória, ação antiviral suave, bactericida
(conjuntivites, cistites) e antianêmico.
Aqui
no Brasil não cultivamos o dente de leão, mas desde os tempos antigos ela já
era utilizada tanto no Egito quanto pelos Hebreus que a usavam nas suas festas
de páscoa como símbolo de suas vida amarga pelo deserto. Toda planta pode ser
utilizada.
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5. TAIOBA (Colocasia antiquorum)
A taioba é uma planta de folhas
grandes que se parece bastante com o inhame, até mesmo causando certa confusão,
além de serem da mesma família e pode atingir até dois metros de altura. É originária de climas tropicais, adaptando-se
bem à maior parte do clima encontrado no Brasil.
Em sua composição, encontramos
cálcio, fósforo, ferro, proteínas, uma grande quantidade de vitamina A,
vitaminas B1, B2 e C. Tanto o talo quanto as folhas apresentam os mesmos
elementos, apenas em proporções diferentes. Nas folhas, encontramos mais ferro
e mais vitamina A. O valor energético para cada 100g de talo é de 24 calorias,
enquanto que, nas folhas, temos 31 calorias para as mesmas 100g.
Taioba |
As
pesquisas já comprovaram que a folha tem mais vitamina A do que a cenoura, o
brócolis ou o espinafre. Por ser rica em vitamina A e amido, é um alimento
fundamental para as crianças, idosos, atletas, grávidas e mulheres que
amamentam.
Aqui
em Pernambuco a encontramos de forma mais abundante na zona da mata e mais dificilmente no agreste, atualmente ela não é mais cultivada, nós desprezamos
este valoroso alimento . A taioba é uma planta totalmente comestível, seu
aproveitamento é maior do que o do inhame. Podemos ingerir o tubérculo, as
folhas e as hastes. É mais comum o seu consumo refogada e como
acompanhamento de pratos proteicos. No nordeste é muito comum o uso de taioba
em omeletes, lasanhas e risotos.
Redação RuralNews - data: 29/11/2011
"É uma espécie vegetal silvestre comumente encontrada em áreas urbanas e
rurais, sendo conhecida e utilizada por suas propriedades medicinais (Ribeiro,
2003, Giron et al., 1991; Lans e Brown, 1998)".
Esse cipó
herbáceo é facilmente encontrado em cercas e terrenos baldios . Seu fruto maduro tem casca amarela e sementes vermelhas com espinhos moles que se abre
espontaneamente em 3 partes, essas sementes são comestíveis e de sabor doce e suave, crianças e adultos apreciam muito em nossa região como alimento e como remédio caseiro. O fruto é rico em vitaminas A,
B1, B2 e a vitamina-C, segundo (Yuwai et al., 1991).
Vejam estas citações:
Vejam estas citações:
"Recentemente, muitos fitoquímicos foram identificados
e demonstrados clinicamente, apresentando várias atividades medicinais tais
como antibiótico, antimutagênico, antioxidante, antileucêmico, antiviral,
anti-diabético, antitumor, aperitivo, afrodisíaco, adstringente, carminativo,
citotoxico, depurativo, hipotensivo, hipoglicêmico, imuno-modulador,
inseticida, lactagogo, laxativo, purgativo, refrigerante, estomáquico, tônico,
vermífugo (Assubaie, 2004)."
"É usado topicamente para o tratamento de feridas, e
internamente, assim como externamente para a eliminação de parasitas. É usado
também como o emenagogo, antiviral para o sarampo e a hepatite. Na medicina
popular turca, os frutos maduros são usados externamente para cicatrização
rápida das feridas e internamente para o tratamento de ulceras pépticas
(Grover, 2004)."
Protege os glomérulos dos efeitos prejudiciais da diabetes e
impede o aumento do volume da urina, a excreção de albumina na urina e a hipertrofia renal, causa também uma
redução na taxa de glicose no plasma. Exerce um efeito hipoglicémico, mesmo quando a maior parte das células
beta foram destruídas.
Estimula a produção de células beta, melhorando a capacidade natural do organismo de produzir insulina
7. Umbuzeiro ou imbuzeiro